Eu bocejo, tu bocejas...nós bocejamos


"Tarde de domingo e lá estava sentada no sofá da sala, hipnotizada pela lavagem cerebral dominical, Domingão do Faustão!

O entusiasmo foi tomando conta de mim e de repente exalei um bocejo que traduzia toda a minha animação. Não demorou muito e todos a minha volta tbm estavam bocejando. Interrompi a minha concentração, naquele programa tão construtivo, para tentar entender aquela cena bizarra. Será impulso, será mimetismo???....Então encontrei a seguinte explicação"


O bocejo contagioso, porém, vai muito além da mera sugestão. Estudos recentes mostram que o fenômeno também está relacionado com nossa predisposição à empatia, à capacidade de entender e se conectar com os estados emocionais dos outros. Isso parece estranho, mas o fato de você ser ou não suscetível ao bocejo contagioso na verdade pode estar relacionado à quantidade de empatia que você sente pelos outros.
A empatia é uma parte importante do desenvolvimento cognitivo. Aprendemos desde cedo a nos valorizar com base na quantidade e no tipo de empatia que nossos pais demonstram. Psicólogos do desenvolvimento descobriram que pessoas que não foram tratadas com empatia por seus pais sofrem quando ficam mais velhas. A falta de empatia desde cedo foi apontada como uma causa do desenvolvimento de um comportamento anti-social em adultos [fonte: Montana].
Então a empatia é importante, claro, mas como é possível que ela esteja relacionada com o bocejo contagioso? Deixe que os psicólogos da Universidade Leeds, na Inglaterra, respondam a essa pergunta. No estudo, os pesquisadores selecionaram 40 estudantes de psicologia e 40 estudantes de engenharia. Cada estudante teve de ficar sozinho em uma sala de espera, junto com uma assistente disfarçada que bocejava 10 vezes durante a mesma quantidade de minutos. Em seguida, os estudantes realizaram um teste de quociente emocional: foram mostradas 40 imagens de olhos aos estudantes, e perguntaram a eles que emoção cada olho demonstrava.
Os resultados do teste apoiaram a idéia de que o bocejo contagioso está relacionado à empatia. Os estudantes de psicologia, que na futura profissão devem se concentrar nos outros, bocejaram uma média de 5,5 vezes de maneira contagiosa na sala de espera e acertaram 28 das 40 imagens no teste emocional. Os estudantes de engenharia, que tendem a se concentrar em coisas como números e sistemas, bocejaram uma média de 1,5 vez e acertaram 25,5 das 40 imagens no teste seguinte. A diferença não parece ser muita, mas os pesquisadores a consideram significativa. De maneira curiosa, as mulheres, que em geral são consideradas mais sintonizadas emocionalmente, não tiveram uma pontuação maior que a dos homens [fonte: The Telegraph].
Esses resultados apóiam o que os neurologistas descobriram por meio das imagens do cérebro: o bocejo contagioso está associado às mesmas partes do cérebro que lidam com a empatia. Essas regiões, o lóbulo quadrado e o giro temporal posterior, estão localizadas na parte de trás do cérebro. E embora a relação entre o bocejo contagioso e a empatia tenha sido estabelecida, as explicações para isso ainda estão sendo investigadas.


Diante tais explicações concluo que a empatia entre eu e o Domingão do Faustão não estava lá essas coisas (ainda bem!). Mas aquela situação mais pareceu uma conjugação verbal: eu bocejo, tu bocejas, ele boceja, nós bocejamos...



Mais informações sobre "Bocejo Contagioso": http://saude.hsw.uol.com.br/bocejo-contagio.htm